O Boi que pode morrer na praia
Uma
das manifestações mais originais do folclore maranhense, o Boi do Mar,
proveniente da Cidade do Santo, padece na falta de apoio da prefeitura
do município e desrespeito à sua existência.
Por Fernando Atallaia
Da Agência Baluarte
A
originalidade e o virtuosismo de uma das manifestações mais sui generis
da cultura dita ribamarense, não foram, até hoje, suficientes para
salvar da quase morte literal e do esquecimento o Boi do Mar.
Brincadeira popular integrante do caldeirão junino maranhense, com
passagens pelos principais terreiros e arraiais do Estado, o Boi parece
não brincar nos quintais da Secretaria de Cultura do município de São
José de Ribamar nem tampouco nos corredores da prefeitura do atual
gestor da cidade.
Motivos
há de sombras. A gestão Gil Cutrim para Cultura aposta nas bandas de
outros estados brasileiros em detrimento do fortalecimento e
visibilidade da cultura local. E o Boi do Mar, que pertence ao mosaico
das manifestações ribamarenses, sofre as agruras de ações depreciativas
da atual administração nesse particular, assim bem, como os demais artistas do município em outros seguimentos como Música, Literatura e Artes Plásticas.
Gil Cutrim: cachês altíssimos às bandas de fora e migalhas aos artistas do município |
Fundado
em 1999, o Boi do Mar, já vem se apresentando em diferentes cidades do
Brasil, a exemplo de Teresina e Belém, por onde passou cativando
públicos e a Crítica. Não bastou. A brincadeira em São José de Ribamar
(sua cidade de origem) não goza de reconhecimento e respeito por parte
do Poder Público Municipal, para quem o que é o importante é a cultura
do ‘pão e circo’. Ou seja, fomentar a alienação no sentido de se criar
currais eleitorais. Dai o porquê do culto exacerbado à música comercial
de qualidade duvidosa.
Segundo
Ronaldo Mouta, idealizador e produtor da brincadeira, o Boi do Mar vem
sendo desrespeitado pela atual gestão de diversas formas, as mais
humilhantes possíveis. ‘’ Eles impõem dificuldades quando o assunto é o
valor e o pagamento dos cachês; tentam nos humilhar e desvalorizar a
brincadeira, barganhando dentro de uma negociata suja e desonrosa que
não concordamos e nunca aceitaríamos’’, afirmou o artista.
Boi do Mar: brincadeira padece com a falta de apoio da prefeitura de São José de Ribamar |
A
reportagem tentou contatar a Secretaria de Cultura de Ribamar e o
titular da pasta Edson Calixto, mas até o fechamento dessa matéria
nenhuma ligação havia sido atendida. Em seguida tentamos contatar o
prefeito da cidade, mas não obtivemos informações acerca de sua
localização. Por último, tentamos obter esclarecimentos sobre as
denúncias junto à Secretaria de Governo da prefeitura, mas não
conseguimos encontrar o secretário. Sabe-se, contudo que o descaso na
área da Cultura em São José de Ribamar perdura há anos e é uma constante
na realidade dos artistas locais.
O Fernando Atallaia é um gênio da cultura do nosso estado- esse cara entende tudo desse assunto e é reporter dos bons.
ResponderExcluirvaleu Atallaia
Obrigado pela força meu poeta
Ronaldo Mouta
Infelizmente existe este entendimento errôneo do poder público.
ResponderExcluirQue acha mais interessante pagar quantias exorbitantes a bandas de forró com letras ambíguas e que nada acrescentam a cultura de verdade e deixam projetos como esse se no esquecimento.
Realmente lamentável.