sábado, 14 de janeiro de 2012

SÃO JOSÉ DE RIBAMAR: DESPREZO NA CULTURA

O Boi que pode morrer na praia
Uma das manifestações mais originais do folclore maranhense, o Boi do Mar, proveniente da Cidade do Santo, padece na falta de apoio da prefeitura do município e desrespeito à sua existência.
Por Fernando Atallaia
Da Agência Baluarte
A originalidade e o virtuosismo de uma das manifestações mais sui generis da cultura dita ribamarense, não foram, até hoje, suficientes para salvar da quase morte literal e do esquecimento o Boi do Mar. Brincadeira popular integrante do caldeirão junino maranhense, com passagens pelos principais terreiros e arraiais do Estado, o Boi parece não brincar nos quintais da Secretaria de Cultura do município de São José de Ribamar nem tampouco nos corredores da prefeitura do atual gestor da cidade.
Motivos há de sombras. A gestão Gil Cutrim para Cultura aposta nas bandas de outros estados brasileiros em detrimento do fortalecimento e visibilidade da cultura local. E o Boi do Mar, que pertence ao mosaico das manifestações ribamarenses, sofre as agruras de ações depreciativas da atual administração nesse particular,  assim bem, como os demais artistas do município em outros seguimentos como Música, Literatura e Artes Plásticas.


Gil Cutrim: cachês altíssimos às bandas de fora e migalhas aos artistas do município

Fundado em 1999, o Boi do Mar, já vem se apresentando em diferentes cidades do Brasil, a exemplo de Teresina e Belém, por onde passou cativando públicos e a Crítica. Não bastou. A brincadeira em São José de Ribamar (sua cidade de origem) não goza de reconhecimento e respeito por parte do Poder Público Municipal, para quem o que é o importante é a cultura do ‘pão e circo’. Ou seja, fomentar a alienação no sentido de se criar currais eleitorais. Dai o porquê do culto exacerbado à música comercial de qualidade duvidosa.
Segundo Ronaldo Mouta, idealizador e produtor da brincadeira, o Boi do Mar vem sendo desrespeitado pela atual gestão de diversas formas, as mais humilhantes possíveis. ‘’ Eles impõem dificuldades quando o assunto é o valor e o pagamento dos cachês; tentam nos humilhar e desvalorizar a brincadeira, barganhando dentro de uma negociata suja e desonrosa que não concordamos e nunca aceitaríamos’’, afirmou o artista.
Boi do Mar: brincadeira padece com a falta de apoio da prefeitura de São José de Ribamar
Formada por 120 brincantes, entre dançarinos, músicos, produtores e ornamentadores, a manifestação cultural vem resistindo ao desprezo da prefeitura a passos lentos e busca apoio e patrocínio por outros meios. ‘’Todos sabemos que há, mensalmente, investimento e dinheiro para a Cultura aqui do município, mas eles só fazem alguma coisa em época de Carnaval e São João e ainda de forma ruim e excludente; se não estão investimento na arte e na cultura da cidade, para onde estão indo as verbas? É necessário que nós artistas busquemos o mínimo de apoio na iniciativa privada pra poder sobreviver, porque pelos meios legítimos e corretos não dar; a prefeitura de Ribamar desconhece os artistas da cidade e nos ignora, o que vale pra eles é o que vem de fora, é uma vergonha’’, concluiu.
A reportagem tentou contatar a Secretaria de Cultura de Ribamar e o titular da pasta Edson Calixto, mas até o fechamento dessa matéria nenhuma ligação havia sido atendida. Em seguida tentamos contatar o prefeito da cidade, mas não obtivemos informações acerca de sua localização. Por último, tentamos obter esclarecimentos sobre as denúncias junto à Secretaria de Governo da prefeitura, mas não conseguimos encontrar o secretário. Sabe-se, contudo que o descaso na área da Cultura em São José de Ribamar perdura há anos e é uma constante na realidade dos artistas locais.

2 comentários:

  1. O Fernando Atallaia é um gênio da cultura do nosso estado- esse cara entende tudo desse assunto e é reporter dos bons.
    valeu Atallaia
    Obrigado pela força meu poeta
    Ronaldo Mouta

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  2. Infelizmente existe este entendimento errôneo do poder público.
    Que acha mais interessante pagar quantias exorbitantes a bandas de forró com letras ambíguas e que nada acrescentam a cultura de verdade e deixam projetos como esse se no esquecimento.
    Realmente lamentável.

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