Por João de Deus.
Em 1992, retornei de São Paulo a São José de
Ribamar. Naquela época haviam vários jovens preocupados com cultura de
verdade aqui. O grupo Nova Geração, de dança; o Temar, de teatro; o
Gutar, também de Teatro, dirigido pelo saudoso Manoel de Jesus;
o Gama, de ecologia e que criou o Bloco Ecológico e por aí afora.
Em
1992, realizamos o Manifesto Pão e Poesia, saímos distribuindo pão e
poesia, da frente do antigo Cine Ribamar até a porta da Igreja.
Queríamos a restauração do cinema e maior valorização da cultura e da
arte.
Hoje, parece inconcebível que em Ribamar já teve gente preocupada
com isso, pois os grupos que existem somente se apresentam durante as
festas: Carnaval e São João e estão todos atrelados a políticos, não
possuíndo nenhuma independência ideológica.
Entra ano e sai ano, entra
prefeito e sai prefeito e nenhum prefeito se preocupa em desenvolver a
cultura do lugar, confundindo cultura com a realização de eventos com
bandas de forro e axé, pois não consideram a cultura como algo
prioritário, em sua dimensão pedagógica e de formação para a cidadania.
Dão pequenos bônus aos grupos menores e grandes aos grandes grupos,
durante os períodos festivos e os grupos ficam na dependência de favores
de políticos e pessoas de bom coração para se locomoverem, fazerem suas
festas de confraternização, seus figurinos, etc. Apresentam-se por
mingaus e bolos nas residências.
A cultura e a arte há que gerar renda
para os jovens, na maioria carentes, ques e apresentam nos grupos por
nada, perdendo sono e aulas. A cultura e a arte há que ajudar na
formação desses jovens para a cidadania e a democracia.
Mas o que se vê
são os dirigentes de danças envolvendo-se com futuros ou atuais
candidatos e quando chega a eleição votam neles na troca de favores.
Coloco esse folder para inicar um debate sobre o verdadeiro sentido da
cultura e da arte em São José de Ribamar, cidade cheia de talentos
desconhecidos.
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